Talvez o momento mais difícil na carreira de um profissional de futebol seja a despedida aos gramados, pois como é citado em BOLEIROS – ERA UMA VEZ O FUTEBOL: “ou você continua no ramo, ou vai ficar ‘coçando’ o resto da vida”.
Neste mundo globalizado, poucos jogadores tem vínculo verdadeiro nos clubes, principalmente porque quando “abre-se” mercado europeu, jovens promessas são vendidas em profusão, como mercadoria numa prateleira.
Portanto UGO GIORGETTI (SÁBADO) resgata essa nostalgia, essa paixão, essa tendência de que todo garotinho – muitas vezes por influência do pai – sonha se profissionalizar.Os 98 minutos são divididos em seis histórias, contadas por ex-atletas que reúnem-se num bar com a cervejinha e os aperitivos – quer algo mais brasileiro ?
1ª História: juiz corrupto acaba se vendendo e ajuda time a não ser rebaixado.
2ª História: técnico descobre garoto com potencial para transformar-se num craque, porém as más influências o atrapalham.
3ª História: jornalista quer entrevistar o campeão do mundo Paulinho Majestade, que colocou troféus e medalhas à venda.
4ª História: jogador contundido vai ao Pai de Santo (pois o tratamento médico é muito demorado), para curar-se das dores e ajudar o Corinthians num clássico.
5ª História: atleta negro é confundido com bandido, mesmo após ter aparecido nas emissoras nacionais.
6ª História: na noite de concentração, o ídolo do Palmeiras leva mulher para o quarto – após enganar o técnico.
Em certos “causos” falta naturalidade aos protagonistas, mas OTÁVIO AUGUSTO, ROGÉRIO CARDOSO e FLÁVIO MIGLIACCIO encabeçam elenco principal de maneira delicada.Um deles comenta emocionado: “às vezes olho para minhas fotos e não acredito que sou eu... Hoje já não tenho cérebro, braços e pernas para jogar”.
E é aí onde mora a essência do verdadeiro boleiro... sua paixão e fidelidade pelas “quatro linhas” jamais iram se esvair, independente do tempo ou da idade.
NOTA: 8,0
ORÇAMENTO: --