Apesar disso não estar visível em DISTRITO 9 (que tem efeitos especiais competentes ao extremo), o que poderá incomodar os espectadores, é o modo extremamente diferente como são tratados o primeiro e o segundo ato.
Troque, extraterrestres por iraquianos, palestinos, negros ou qualquer outro povo segregado, humilhado, marginalizado e torturado física e psicologicamente por aqueles que ‘tem o poder’. Troque a favela, cercada por muros e grades, pela visão soturna do apartheid, onde negros e brancos não se misturavam e troque o descaso e a indiferença dos governos para com este tipo de ‘ser’ e a visão crítica estará estampada no seu rosto sem sutilezas.
Após, o estreante diretor NEILL BLOMKAMP joga violência exacerbada, com direito a sangue espirrando nas câmeras, corpos sendo mutilados e tudo mais. Daí, o engajamento ‘politizado’ é deixado em segundo plano, mas nesta altura, já fomos pegos pelo roteiro otimamente escrito pelo próprio ‘comandante’ e por TERRI TATCHELL – a produção é de PETER JACKSON (O SENHOR DOS ANÉIS).
Na história, uma nave alienígena para sobre Johanesburgo e fica 3 meses inalterável. Decidem então invadi-la, ao fazerem isso, descobrem milhares de seres desnutridos, famintos e desesperados. Criam uma área para ‘ajudá-los’, porém, 20 anos depois, os aliens se proliferaram desgovernadamente, o local virou uma grande favela, com direito a contrabando de comida, prostituição entre raças e mortes.
Pressionado, o governo tenta mudá-los, mas para isso precisam de uma ordem de despejo, que acarretará em mais desentendimentos e violência.
SHARLTO COPLEY, que interpreta o funcionário público Wikus Van de Merwe, vai ganhando nossa empatia devagar, mas é nos momentos de tensão que ele explode e nos mostra ser um grande ator.
A junção poderia ser mais sutil, mas é uma ficção científica rigorosamente real e bem construída, vale todo alarde de público e crítica.
NOTA: 8,5
ORÇAMENTO: 30 Milhões de Dólares