quarta-feira, maio 11, 2011

ENTREVISTA COM O FUNDADOR DO ESTÚDIO DE DUBLAGEM GOTA MÁGICA

"Mesmo sem você saber, em algum momento meu trabalho fez parte da sua vida"... essa frase que estampa o site de Mário Lúcio de Freitas, estampa bem a importância de seu trabalho para várias gerações que, ainda hoje são influenciados por músicas e vinhetas que ele criou.

Agradeço imensamente por ter aceitado o convite de dar uma entrevista para o Cinema e Pipoca... sou da época em que a Gota Mágica, juntamente com a TV Manchete viraram mania entre a criançada.

Então, vamos para as perguntas:

Cinema e Pipoca:
Nos conte um pouco da sua carreira no mundo artístico.
Mário Lúcio de Freitas: Minha carreira é muito extensa. Ela se iniciou em 1952, no circo Marabá de meu pai. Nesta época eu já era palhacinho e cantor. Depois fui para a TV – trabalhei na TV Paulista, hoje Rede Globo, de 60 a 67 – atuando como apresentador, ator, cantor e diretor. Depois fui músico de conjunto, tendo integrado vários grupos famosos – Os Beatniks, Os Iguais, The Jet Black's e Os Incríveis – e posteriormente virei produtor musical, diretor de dublagem, etc. etc. etc.
CP: Para quem não se lembra, quais as músicas de desenhos animados que você compôs? E qual a composição própria que mais gosta?
MLF: Criei muitas aberturas de TV – não só da área infantil: Chaves, Clube do Chaves, Punk, a levada da breca, Fly - o pequen
o guerreiro, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Ursinhos Carinhosos, Bananas de Pijamas, etc;
TJ Brasil, Aqui Agora, Hebe, Programa Livre, Escolinha do Golias, etc;
novelas como Chispita, Os ricos também choram, Jerônimo, S
ombras do Passado, Pecado de
Amor, o Direito de Nascer, etc. Minha composição preferida, em termos de arranjo, é a abertura de Rei Arthur, e como criação talvez seja a abertura de Angel - a menina das flores.


CP: Como surgiu a idéia de fundar o estúdio de dublagem Gota Mágica?
MLF: A Gota Mágica não era apenas um estúdio de dublagem. Fazia dublagem, mas também publicidade, discos, disc 900, shows em circo, eventos etc. Foi o primeiro estúdio polivalente do Brasil. Surgiu da possibilidades de se juntar todas essas vertentes num espaço só.

CP: É mais fácil ser dublador hoje, do que era antigamente? Por quê?
MLF: Acho que seja, sim, e penso que a Gota ajudou um pouco nesse processo, pois abriu suas portas para a imprensa e para os fãs, o que não acontecia anteriormente. O dublador era um artistas anônimo, e hoje tem mais o reconhecimento do grande público.

CP: E a qualidade da nossa dublagem é boa se comparada com outros países?
MLF: Excelente. Em minhas várias viagens pelo exterior pude comprovar isso. Tem dublagem por aí que é sofrível.

CP: Por que a Gota Mágica acabou?
MLF: A Gota fechou suas portas não por falta de trabalho nem pelo não reconhecimento de sua qualidade. Veja que faz 13 anos que isso ocorreu e a gente continua falando dela. Seu fechamento se deveu por problemas particulares meus, que acabaram interferindo em seu funcionamento.

CP: Você continua dublando e fazendo temas de abertura de desenhos animados?
MLF: Não. Por causa de uma ação indenizatória que está em curso, esse mercado me ficou praticamente fechado. Mas venho atuando na criação de livros infantis, de audiosnovelas, de shows, etc. Um mercado parecido, mas não o mesmo.

CP: Está trabalhando em algum novo projeto? E se sim, qual seria?
MLF: Em parceria com Hellen Palácio, acabei de lançar a coleção de livros com CD chamada "Contando e Cantando Cantigas de Roda, pela editora Vida & Consciência. São dez livros, com histórias baseadas nas letras das cantigas da cultura oral brasileira. Dirigi também recentemente a audionovela de Zíbia Gasparetto "Se abrindo pra vida", entre outros trabalhos.

CP: É mais complicado trabalhar para o público adulto ou infantil? E quais as principais diferenças?
MLF: Sempre trabalhei para os dois. Fiz mais de 15 produções para novelas da Globo, muitos discos adultos, mas o mercado infantil me fascina mais. Talvez pela minha origem circense. A diferença é que a criança não mente. Ela gosta ou não gosta, e já o mercado adulto sofre muita influência política, de interesses comerciais envolvidos.

CP: Deixe um recado final para todos os leitores, que assim como eu, admiram e sentem muita saudade da Gota Mágica!
MLF: Obrigado a voces por acompanharem meu trabalho e quem sabe a Gota não volte um dia desses, né? Grande abraço a todos.

Algumas aberturas feitas pela Gota Mágica:










1 comentários:

Vitor Stefano disse...

Grande Eder.

Ótima entrevista... Dublagem é um caso sério... Obvio que para crianças e público infantil é obrigatório e marca muito. Quem não se lembra da Gota Mágica... impossível...

Quem não se lembra com carinho das vozes, não as imita. É impossível. Faz parte da criação de um ser humano, por isso tão importante.

Sou totalmente contra dublagem de filmes adultos, mas aí é papo para outros assuntos...

Parabéns!

Vitor Stefano

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