Cinema e Pipoca: Desde já gostaria de agradecer a atenção de todos vocês para com o Cinema e Pipoca. Aqui vão as perguntas!
David Schurmann: Muito obrigado pelo interesse!
CP: De onde veio a inspiração para o roteiro do filme? Existe algum episódio real no meio disso tudo?
DS: Eu morei 2 anos em Ilhabela e participava de algumas festas "meio loucas" e uma pergunta sempre pairava: "se alguém sumisse aqui, será que ninguém notaria?". Ilhabela também é repleta de lendas e morando lá você fica sabendo de muitas, além das histórias de OVNIs e navios afundados. O lance das câmeras ligarem aleatoriamente e terem nightvision, veio quando questionei o que levaria os personagens a usarem as câmeras no meio do mato em momentos de desespero. O conceito foi afinado em grupo e junto com o co-roteirista Rafael Blecher. Juntando tudo surgiu o argumento que se tornou o roteiro.
CP: Como foi o processo para encontrar investidores e produtoras que bancassem o projetos? Foi algo muito difícil?
DS: Sim, foi muito difícil. A produtora é nossa e decidimos bancar o projeto até a filmagem, inicialmente era para custar metade dos 55 mil reais que totalizam o orçamento de produção. Conseguimos muitos apoios de pessoas que acreditaram no filme, e obtivemos muitos favores de amigos e de amigos de amigos. Um exemplo são as casas usadas para hospedar a equipe de 22 pessoas que foram cedidas sem custo para o filme. A parte mais custosa se deu na locação onde filmamos, perto da cachoeira da Toca, o que ocasionou altos gastos em transporte, alimentação e consumíveis. Contamos com apoio de parceiros como a Locall para as luzes, estúdio para testes dos atores e filmagem em fundo verde. Na pós-produção foi fundamental selar uma co-produção com a Teleimage, a mais importante casa de finalização do Brasil. Assim também se sucedeu com a UOL; sabíamos da importância de termos um grande parceiro online e buscamos o maior portal. A Boo-box também entrou como um importante parceiro de viralização e divulgação online. Só fui buscar esses parceiros depois que o filme estava rodado e sabia que tinha algo interessante em mãos. A Burti, Cartaz, Sumo entre outros, também entraram acreditando no filme e no conceito. Nos últimos meses fomos atrás de um patrocínio para a festa de lançamento, mas as empresas de bebidas e até desodorante para jovens acharam a idéia boa, mas tiveram receio de entrar num filme de terror, uma pena, pois seria algo inovador para o cinema brasileiro e para as marcas.
CP: Quanto tempo duraram as gravações e onde elas foram feitas? Além disso, qual a maior dificuldade em filmar numa floresta?
DS: Foram 10 dias seguidos de 2 semanas de descanso e depois mais 5 dias (15 dias no total). As dificuldades foram a chuva incessante, os insetos, as cobras, a lama, a falta de recursos para termos grandes geradores e iluminar tudo. O acesso também foi um grande desafio, pois tínhamos que cruzar um rio todos os dias de caminhonete e andar numa trilha de lama para chegar à locação. E claro, o breu da noite. Mas a equipe era fantástica e deu conta do recado
CP: Como você vê o gênero terror no Brasil? E o que fazer para mais produções como DESAPARECIDOS entrarem no circuito de cinema?
DS: No Brasil o gênero só tem uma referencia até hoje, o nosso mestre Zé do Caixão, que alias, é uma referencia mundial. No Desaparecidos tentamos fazer algo mais real, e visceral, algo que incomode psicologicamente e te faça arrepiar, algo com entretenimento e para o publico. O filme não faz você passar mal pelas vísceras que mostra, mas sim pela verdade que dá um nó nas vísceras. Já sentimos que existe uma resistência pelo gênero falado em português, e isso é natural, especialmente por parte do publico mais velho. Isso acontece porque o brasileiro não está acostumado a ver filmes de terror em português, está habituado a ver drama, comédia e ultimamente até filme de ação, agora o terror vai gerar estranhamento. Para esse tipo de filme ou de qualquer outro que não seja de um gênero já manjado (comedia, drama, ação-favela) dar certo, é preciso uma chance, que as pessoas compareçam ao cinema com o coração e mente abertas à novas experiências no seu próprio idioma. E é necessário um diretor que queira sair da “caixa” e tenha coragem de arriscar muito!
CP: Com certeza comparações com A BRUXA DE BLAIR existirão. Isso incomoda muito? E quais as principais diferenças de DESAPARECIDOS para outros mockumentarys que vemos por aí?
DS: Não me incomoda a comparação, pois o Bruxa de Blair foi uma referência mundial e um precursor do gênero-linguagem. O que incomoda é quando falam que é igual, o que não é! Falo sempre, é como dizer que filme de bandido e mocinho é sempre igual. O nosso tem algumas similaridades com o Bruxa de Blair: é mockumentary, uma galera está perdida na mata e algo esta atrás deles, e ponto. A idéia do porque estão lá, quem são eles, porquê tem câmeras, e o que está com eles na mata são totalmente originais e muito brasileiras. Os mockumentaries têm muita coisa em comum, assim como as comédias, os filmes de ação, os dramas. Sou claro em dizer que não estou inventando o gênero e linguagem, estou simplesmente fazendo o nosso filme brasileiro nesse gênero e linguagem, e isso eu acho que é muito interessante. A pergunta paira... Porque ninguém o fez ainda aqui? Ah, mais uma coisa, nós mostramos quem está indo atrás dos DESAPARECIDOS no final, com isso não frustramos ninguém! E pra quem acompanhou a história online, vai entender ainda mais, já que isso, além de um filme, é um projeto transmídia.
CP: A escolha dos atores foi muito complicada? Conte-nos um pouco.
DS: Sim, foi complexa, pois tínhamos que usar atores pouco conhecidos do grande público e com um talento único para passar a verdade. Abrimos testes e olhamos centenas de pessoas até encontrar o grupo final. O mais difícil foi torcer para os atores não terem um sucesso estrondoso em novelas ou em outros filmes antes do nosso lançamento do Desapareidos.
CP: Já tem planos para novos projetos? Pode adiantar algo para nós?
DS: Sim, o próximo filme é uma grande produção filmada em 2 países e 4 locações com um elenco nacional e internacional. O filme, intitulado PEQUENO SEGREDO www.pequenosegredo.com será rodado no ano que vem e tem o roteiro assinado por Marcos Bernstein (Chico Xavier, Central do Brasil). É um filme que estou desenvolvendo faz um pouco mais de 2 anos. É outro tipo de filme, história e pegada. Adoro sair da “caixinha” e explorar projetos diferentes, se ficarmos fazendo sempre o mesmo, corremos o risco de enferrujamos...
Muito obrigado e nos vemos nos cinemas!
2 comentários:
Orgulhosamente programei uma 'chamada' para este ótimo artigo no novo site dos Blogueiros do Brasil. O post será publicado dia 09/12 às 14h .
Abraços cordiais.
Não acho que seja estranho assistir o filme em português. O problema é que esse aí é muito ruim mesmo!
Mesmo indo com o coração e mente aberta ao cinema é impossível elogiar esse filme!
Filme muito manjado! Infelizmente no Brasil as pessoas insistem em fazer roteiros como se estivéssemos a 50 anos atrás! As falas dos personagens desse filme são as piores possíveis!
"Isso não tá certo! Tem alguma coisa errada!".
Fora as caretas e gritarias ridículas!
Pensaram pouco para fazer o filme e tentaram "ganhar no grito"!
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