terça-feira, outubro 26, 2010

LAVOURA ARCAICA

moacirmolotov.wordpress.com

Poesia, orgulho, vingança, ódio e amor, todos estes sentimentos se emaranhavam no texto de Raduan Nassar em LAVOURA ARCAICA e, talvez os apaixonados pelo livro, não imaginavam serem presenteados com uma obra cinematográfica que estivesse em pé de igualdade com o material original. Mas quando se chega aos créditos finais da película de LUIZ FERNANDO CARVALHO, esta é a grata surpresa!

O diretor de fotografia WALTER CARVALHO usa bem as sombras e as câmeras desfocadas para trazer um sentimento de lamúria e inquietação (constantes no personagem André).
As narrações em off são magníficas e, ao invés de apenas ‘testar a paciência’ do espectador, como ocorre em inúmeros filmes por aí, dá uma relevância ímpar ao roteiro e pontua o espectador, que em certos momentos, poderia se sentir perdido.

Assim como Pedro vai, vagarosamente se dilacerando com a verdade imposta pelo irmão que fugiu de casa, nós sentimos o mesmo e este incômodo causado pelos diálogos, fica encravado mesmo após o término do filme.
Lotado de simbolismos, LAVOURA ARCAICA é a típica obra que tem que ser vista 3, 4 vezes para ser entendida por completo.

Levemente inspirado na parábola do Filho Pródigo, o roteiro narra a história de André, que se rebela contra as tradições patriarcais e foge. Encontrado algum tempo depois pelo irmão Pedro, o jovem conta as razões de sua fuga de forma dura e amarga.
Ao retornar, André e seu pai têm uma conversa longa (um dos melhores diálogos que o cinema já me proporcionou), onde todos seus demônios são expulsos.

Fora isso, há de se destacar a sensualidade perversa de SIMONE SPOLADORE, a trilha sonora excepcional e as locações, que foram feitas todas em Minas Gerais.
É para poucos, mas quem deixar levar-se pela direção estupenda de LUIZ FERNANDO CARVALHO terá uma obra prima em mãos!

Título Original: Lavoura Arcaica
Ano Lançamento: 2001 (Brasil)
Dir: Luiz Fernando Carvalho
Elenco: Selton Mello, Raul Cortez, Juliana Carneiro da Cunha, Simone Spoladore, Leonardo Medeiros, Caio Blat


ORÇAMENTO: 3,2 Milhões de Reais

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